domingo, 19 de outubro de 2008

Sobre fronteiras e delicadeza

Não sei se é o caso do leitor que agora acompanha minha escrita, mas muito me aborrece pessoas que limitam-se ás fronteiras de seu próprio bairro. Conhecem alguém assim? Gente que diz não ter porque ir para longe, se tudo que precisa está ali, uma rua acima ou uma rua abaixo. Gente que só deixa de cortar o cabelo com um determinado barbeiro, quando o cara estica as canelas. Tudo bem, admito, preciso respeitar que as pessoas são diferentes, e mesmo que sejam diferentes de mim, suas escolhas são legítmas em suas histórias. Acontece que sou uma criatura que aprecia regiões de fronteira. Ser estrangeira, forasteira, alguém que vem de fora, de não pertencer a nenhum grupo, permite-me ter "olhos de fora". Saio no lucro, tanto quando vejo o que não conheço como quando revejo o que me é familair com outros olhos, olhos de quem bebeu de outras fontes. Esse movimento de estranhamento, é um exercício que pode se aprender a apreciar. Não há tédio, pois podemos estranhar até o que nos é conhecido!
Como sabem, dentro em breve serei de fato uma estrangeira, vivendo em outro país. Como será por um período relativamento longo, preocupa-me a questão da delicadeza com os nascidos naquele lugar. As vezes sou desatenta, e deixo escapar cuidados com quem me rodeia, perco a chance de ser delicada. Naõ gostaria que isso acontecesse lá. E mais, temo ser indelicada. Mesmo sendo a mesma língua, os povos elegem palavras diferentes como "bigornas" comunicacionais. E se uso uma palavra que para nós é frugal e pra eles seria digna de puxar a pexeira! Muita atenção e nada de adivinhação, o jeito é perguntar como melhor convém, sempre....

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