sábado, 2 de agosto de 2008

Dias mais delicados...


Cara de pimentãoAtualmente, quando vou á praia, sinto saudade de quando ir á praia (ou á piscina) era infinitamente mais simples. Na minha adolescência, eu passava o dia inteiro no clube. A maior parte do tempo na piscina. Eu sempre amei nadar e voltava para casa no final do dia com os olhos irritadíssimos de cloro, o rosto vermelho e ardendo do excesso de sol. Minhas irmãs e eu fazíamos tudo errado se consideramos as orientações atuais. Chegávamos cedo, mas estávamos sob o sol nos horários ruins e com certeza usávamos o filtro solar em quantidades insuficientes para o tempo de exposição. Embora ter um corpo bonito já fosse uma preocupação na época, isso não era importante que comprometesse o aproveitamento do dia! Se estivesse com vontade e fome, comia sem remorso o pastel frito mais calórico do pedaço. Se a “brincadeira” pedisse, eu até corria de biquíni pelo clube!

“Tenho que” e depois “tenho que” sem esquecer que ainda “tenho que”...
Hoje, tudo tão diferente...Mesmo gostando de sol (me dá prazer senti-lo na pele) eu o evito. Para ir á praia preciso de chapéu, óculos escuros, filtro solar (um para o rosto e outro para o corpo), água para hidratar, tenho horário para chegar e para ir embora, tenho que checar se é necessário repassar o filtro de tempos em tempos, no dia anterior preciso deitar relativamente cedo para não perder hora (meu Deus, um divertimento com hora marcada...), se nado sei que depois precisarei de cuidados extras para os cabelos. Se resolvo tomar um simples picolé o porqueira se transforma ainda no palito sob meu olhar guloso em um número: são as calorias que irei ingerir! E na hora de entrar na água, ai que chatice, dá uma vergonha danada ir até a água com todos me olhando. Nunca estou suficientemente magra para me sentir a vontade para entrar na água! Era muito boa a indiferença pueril pelos olhares dos outros! Queria muito recuperar aquela indiferença....Eu sei, eu sei, eu sei: essas coisas estão provavelmente mais em mim que nos outros.


Sem lenço sem documento...O que sei é que estas reflexões me fazem pensar em como a vida atual e de adulto pode ser cheia de “amarras” existenciais. Ta certo que o sol é uma questão de saúde, mas são tantas as imposições as quais nos submetemos que o filtro solar passa a ser apenas mais um peso em nossa lista de “preocupações” diárias. Eu gostaria de poder experimentar um dia (ou quem sabe uma semana....) sem cumprir nenhum desses compromissos (alguém sabe a etimologia da palavra compromisso?)! Sair cedo sem filtro solar e sentir o quentinho na face limpa. Sair sem precisar carregar uma bolsa com documentos, celular, sem fazer contas do dinheiro vou gastar e do quanto precisarei sacar. Não ter bagagem pesada, melhor ainda, não ter bagagem! Olhar um pote açaí sem pensar nas calorias ali presentes. Poder sorrir para as pessoas, sem ficar especulando sobre o que elas irão pensar. Dormir sem passar nenhum creme. Não precisar pintar o cabelo para cobrir um fio branco sequer!!!!!!!!!! E poder, num dia quente, largar a canga na areia (sem me preocupar se ela estará ali na volta...) e correr para o mar, sem pensar em celulite e quilos a mais...Correr como se eu tivesse 5 anos de idade...



4 comentários:

ana fish disse...

vc pode aua, mas correo o risco de parar num hospicio...mas tenho certeza que será mais feliz.
bjo te amo tb tenho saudade...e qd não tenho testemunhas volto aos cinco anos com facilidade

Língua Afiada disse...

Adorei a nostalgia, sinto isso tbm
Entristece o coração nessa hora, mas procuro pensar nas delicadezas da vida adulta... poucas, mas existem.

Ana Paula disse...

São uns amores estas minhas irmãs....Só um comentário, escrevo sobre minha intenção de sair sem bagagem. Viajo e compro dois pesos de ginástica que fico carregando na mala até ir pata o hotel! Estu com tendinite do esforço...Esta sem dúvida foi minha atitude mais jumenta da vida! Carregar pesos em uma mala?!

Renata Sanchez disse...

Essa do pesinho na mala foi horrível mesmo..risos
Sobre proteção solar, sou péssima nisso..sempre esqueço de cuidar de alguma parte do corpo, ou é a mão que fica assada ou o pé ou o ombro...