quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cidades delicadas

Há um livro do Italo Calvino chamado Cidades Invisíveis que adoro. Como o título diz, fala de cidades, sob o olhar de um estrangeiro. Os que me conhecem um pouco sabem da minha tendência nômade, a estrangeira que se instalou em mim. Saio, conheço outros mundos, sou estrangeira. Regresso, volto a minha casa, mas já não sou a mesma que partiu, agora sou uma estrangeira em meu próprio lar. E esse olhar distanciado que acabei cultivando em mim, um jeito de pertencer sem pertencer, me revela algumas coisas sobre as cidades que já chamei de lar, e outras pelas quais passei. É comum as pessoas dizerem que nas cidades pequenas as pessoas são mais gentis, dizem bom dia quando cruzam com a gente, se importam com os vizinhos. E, em contrapartida, as grandes cidades são lugares frios e hostis. Mas depois de muitas andanças, de conhecer cidades grandes e pequenas, cidades médias, não vejo o tamanho da cidade como justificativa da cordialidade ou não da mesma. Já experimentei a hostilidade espelhada da cidade de São Paulo e a amabilidade com cheiro de pão freco da cidade de Guaxupé (Minas Gerais). As cidades são exatamente como são as pessoas que nela moram! Em uma cidade grande é fácil diluir a culpa/responsabilidade pela atmosfera bélica que vigora no trânsito, na fila do supermercado, em uma entrevista para emprego. Já recebi e-mail em São Paulo dizendo que ia incenerar meus documentos pois não havia sido selecinada para uma vaga. Isso foi indelicado. Mas há alguém por trás dessa ação. Só que em uma cidade com 10 milhões de habitantes sendo tantos ninguém é o autor. Conveniente. Mas é irreal. A cidade é quem mora nela. Se a cidade é ruim, sinto muito, as pessoas que moram nela precisam rever como se comportam. Sendo assim, poderia haver cidades pequenas terríveis também. Estou morando em uma cidade assim no momento. Uma cidade que tem tudo para ser uma tetéia de cidade, mas por conta das pessoas que nela vivem, não é nada delicada a convivência. A delicadeza que está em cada um de nós se reflete na cidade em que vivemos.

2 comentários:

Renata Sanchez disse...

Esse livro tá na minha lista de leitura. Faz tempo que vc me indicou... Concordo com vc, a cidade está nas pessoas. E no final o que conta é a experiência de cada um. É muito comum ouvir opiniões opostas sobre uma mesma cidade.

Unknown disse...

Há apenas duas heranças duradouras que podemos dar aos nossos filhos:raízes e asas"Hodding Carter.O pai da a seus filhos tanto raízes quanto asas :raízes, que se aprofundam no solo da tradições da familia e no amor incondicional;e asas,que capacitam os filhos crescidos a levantar vôo de sua casa ,e voar com força e coragem a um rumo próximo.Como esta chegando o dia dos pais.beijo a tds os pais.NElly